sexta-feira, 14 de agosto de 2020

AMEI LER EM AGOSTO: Janelas Fechadas, de Josué Montello

Capa da primeira edição (1941)

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Capa da última edição (2006)

Por Ricardo Miranda Filho

A São Luís do Maranhão é uma terra repleta de escritores de características literárias fenomenais, haja vista ter sio chama de Atenas Brasileira no século XIX. Quando alguém toma as palavras para descrever perfeitamente as características de um povo, de uma pessoa, de uma época ou lugar, é notório que seu nome permanecerá intacto ao longo do tempo em virtude de ter demonstrado capacidade e inteligência literárias.

Pode-se dizer que a literatura maranhense sempre apresentou escritores de imensurável qualidade literária. A exemplo disso, podemos citar Josué Montello que iniciou sua carreira na área ao publicar Janelas Fechadas em 1941, havendo outras edições posteriormente.

O romance por si só traz uma leitura super agradável, sem apresentar nenhuma dificuldade ao leitor. No livro é conta a estória de uma família simples: Benzinho, Juca e sua mãe D. Binoca. A vida dos três muda quando Benzinho se envolve com um cara casado e acaba engravidando. Logo os três se mudam para o Anil para que não sofressem com os maus olhares da vizinhança: "É a trajetória de Benzinho, que deixando o colégio de freiras vai viver com a mãe e o irmão as dificuldades de uma maternidade concebida fora do casamento", afirma Jacinto Paulo Coelho.

Toda o enredo ocorre em torno da casa nova em que a família mora. Enquanto D. Binoca e Juca se concentram em seus afazeres diários, Benzinho decide viver sozinha dentro de casa sem contar o verdadeiro do nome do pai que afirmou (fingiu!) voltar revê-la após a morte de sua atual esposa que estava enferma. No entanto isto não aconteceu, e meses se passaram até nascimento da filha que se chamou Loló.

Benzinho vivia reclusa em sua casa à espera do pai de sua filha, olhava a movimentação da rua em frente à sua casa e, quando queria ficar sozinha, deixava as janelas fechadas. Fechá-las provavelmente poderia ter um significado expressivo para Montello que quis - talvez - fazer uma referência aos nossos comportamentos e características internas, e algumas delas, à época, possivelmente não poderiam ser mostradas devido aos olhares mesquinhos da população.

Josué Montello é um escritor genial que soube escrever e descrever seus personagens com tamanha sutileza que torna a leitura agradável, possibilitando imaginar as ações com perfeições. Assim disse o crítico Antônio Cândido: "Josué Montello tem a capacidade de caracterizar o personagem pelo exterior, ou seja, por aquele conjunto de atitudes que nos permitem conhecê-los do exterior. [...] Estas qualidades - de descrição, de detalhe, de boa escrita de visão externa - é que me fazem crer na possibilidade de um forte escritor neorrealista". Ler Josué Montello é ver o mundo real de fato pela literatura. 

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